domingo, 7 de dezembro de 2014

Capítulo XI - A casa abandonada

"Ô de casa..."
Sob o sol do verão de Skyrim, Roggvar e Fenrir prosseguiam no caminho à nordeste de Falkreath, no meio do caminho entre as Pedras do Guardião e a cidade dos caçadores. Haviam acabado de passar por uma torre controlada por bandidos e precisaram desviar um pouco do caminho. O caçador estava cansado e com sede, mas seu companheiro o obrigou a andar mais um pouco, pois ainda estavam perto dos bandidos. Após caminhar mais um quilômetro e meio, encontraram uma casa que não parecia estar abandonada, porém não tinha uma viva alma pelas redondezas, salvo pelos bandidos na torre. Roggvar, com fome e sede, bateu palmas para ver se alguém abria a porta, no entanto não obteve resposta. Para a surpresa dos dois a porta estava levemente encostada e Roggvar foi entrando.

"Fenrir se adiantou e salvou seu companheiro."
- Cuidado! – Ladrou Fenrir, que instintivamente voou em cima de um orc com uma espada de duas mãos empunhada. Então, o brutamonte caiu com a mordida que o lobo lhe deu no pescoço, sem vida.
- Você me salvou de mais uma! Não sei como não o vi! – Falou o caçador já com o seu arco na mão.
"O botão era bem visível."
- Agora é hora para se preocupar com outra coisa, de onde veio esse bandido pode vir outros, há um pavimento embaixo do solo nesta casa, felizmente não ouvi barulhos de lá, mas é melhor irmos com precaução – Falou o lobo em tom sério.

Roggvar e Fenrir deram uma rápida vasculhada na casa e encontraram muitas bebidas e caixas com mantimentos. Fora o bandido, não havia mais ninguém no local. Roggvar, curioso, apertou um botão, ao lado de uma estante, que abriu uma passagem para uma caverna, iluminada com velas e sinais de habitação. Os dois, intrigados, seguiram cautelosamente pela passagem, encontrando diversos sacos de dormir feitos com lã de carneiro pelo caminho. Ao virar em uma curva, se depararam com um bandido de costas para eles. Roggvar sussurrou:

- Fenrir, o que faremos?
"A caverna era habitada e iluminada."
- Ou você atira uma flecha em seu pescoço ou eu faço como fiz com o orc lá em cima, o que prefere? – Perguntou satiricamente o lobo.
- Creio que devemos recuar, não sabemos quantos pod... – Tentou asseverar o caçador, mas Fenrir investiu em cima do homem, decepando uma orelha e dilacerando toda a face do homem. Era um nord, de meia idade, que caiu emitindo um pequeno gemido de dor.
- Por vezes tenho medo de você – Disse Roggvar, enquanto o lobo lhe dava uma piscadela – Fenrir, não quero me tornar um assassino...
Então seguiram caminho a dentro, culminando em uma falsa parede com um  bilhete pregado, Roggvar pegou e leu:


“Vocês todos foram avisados sobre o que aconteceria se entrassem na minha sala do tesouro, mas Roars não achou que eu estivesse falando sério.

Agora ele está morto.

Todos vocês já tiveram sua parte do tomado, se eu pegar mais algum lambe bosta tentando entrar de novo, não deixarei que armadilhas os matem.
Farei tudo eu mesmo!

                                                                                - Rigel Braço-Forte”

Após ler o bilhete, Roggvar entendeu o porquê de tantos ossos pendurados no teto da caverna e sangue ao longo do caminho, aquele parecia ser um esconderijo de bandidos e o chefe deles era o pior de todos. Fenrir instigou o caçador a continuar e rosnou:
- Desde que você matou aqueles caçadores você é outro homem, Hircine o fez renascer, você não é mais um caçador qualquer, agora é um predador. Roggvar o fitou com certa seriedade, depois sorriu e seguiu em frente, até chegar a mais uma parede com um bilhete, o qual continha a seguinte frase:

 “Vamos lá, não será de todo ruim. Rigel pode ser paranoica, mas ela é burra que nem um mamute! Tem até pelos pubianos parecidos!”

"Rigel, a bandida peluda."
- Parece que esse era o tal do “Roars”, ou Roras, não sei como é o real nome dele – falou dubiamente Fenrir aludindo ao nome que subscrevia o bilhete. Após fazer essa afirmação, uma voz feminina e grave surgiu por detrás da parede:
- Tem alguém aí? Rhorlak, é você? Seu maldito, eu avisei que não queria  ninguém.... Ei, quem são vocês e o que querem aqui? Meu tesouro é só meu! – Bradou uma nord, que tinha uma figura bem assustadora. Ela observou rapidamente lobo e homem, investindo logo em seguida na direção de Roggvar, com uma espada à mão direita e um escudo na esquerda. O caçador foi rápido, já estava com seu arco empunhado e o retesou. A flecha atingiu a mão da bandida, que deixou a espada cair e parou por um momento, mas sua figura assustadora continuou a investir na direção de Roggvar, com o escudo levantado, momento em que Fenrir fez pose para atacar, mas o caçador sinalizou para ele ficar. Outra flecha voou. Agora a mulher estava no chão, inanimada, graças a uma flecha certeira que acertou pouco abaixo de sua clavícula.

Os dois revistaram a mulher e acharam uma chave. Havia uma porta que foi facilmente aberta com a chave, mas Roggvar advertiu Fenrir:

"Com duas flechadas, foi morta pelo caçador."
- Esta deve ser a sala do tesouro, mas proceda com cautela, pois deve ser bem guardada.
- Já vi dois ativadores daqui, um para dardos e outro para lâminas... – rosnou o lobo.

Feito isso os dois seguiram, evitando os ativadores e conseguiram chegar na sala do tesouro. Era uma sala não tão ampla, mas possuía alguns baús e um altar com todos os tipos de pedras preciosas, algumas poções, moedas de ouro, sacos com septims. Roggvar ficou atônito com tanta riqueza.

"Roggvar ficou rico."
- Isso aqui deve valer uns 15.000 septims, estamos ricos, Fenrir!
- Só vai servir para você, eu não vejo utilidade nisso daí.

"Yohoho and a bottle of rum."
Os dois voltaram para a casa. Não acreditavam pelo que tinham passado e já estava escuro, preferiram não sair e passaram a noite dentro da casa. Roggvar estava feliz apesar de todas as aventuras que tinham passado no dia anterior e bebeu muito vinho, ficando muito bêbado, enquanto que Roggvar montou guarda na casa e não dormiu. Na manhã seguinte, seguiu pela estrada para a fazenda de sua irmã. No meio do caminho pegou alguns coelhos e dividiu com Fenrir. Após três dias de viagem, chegou em casa e espalhou todo o saco com pedras preciosas e outros bens diante de Sirja, a qual ficou assustada com tudo aquilo.

"Roggvar mostrando a sua riqueza."
- Roggvar, você entrou para a Guilda dos Ladrões? – Perguntou a irmã repreendendo.
- Não irmã – disse Roggvar – Eu entrei em uma enrascada e tive que matar alguns homens, mas no final o destino me presenteou com essas pedras!
- Roggvar, você precisa ver um lugar para vender todo esse aparato e vir em segurança para casa. Ah, já ia me esquecendo! Papai mandou uma carta, disse que precisar falar com você, vá visitá-lo quando puder!

- Irei semana que vem, estou muito cansado da viagem que fiz e preciso contar tudo para você, mas já está de noite e necessito usufruir de um belo descanso, amanhã contarei tudo. – disse Roggvar indo para a cama, dormir e Fenrir o seguiu para descansar também.




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sábado, 20 de setembro de 2014

Capítulo X - Os lobos falam

      Fenrir disparou em corrida e Roggvar foi logo atrás. O caçador estava cansado, com fome e com sede, tendo pegado somente duas maçãs e um cantil pequeno de vinho barato. Roggvar tomou o vinho e olhou para suas roupas, estavam muito sujas, mas esse era o ofício de caçador e ele tinha que o cumprir com afinco. O sol estava quase indo embora, quando os dois ouviram barulhos vindo de uma grande moita ao leste – era o Grande Veado Branco!
- Ali está o maldito! – Rosnou Fenrir.
            Então Roggvar rapidamente encordoou seu arco. Era costume dos arqueiros e caçadores tirarem a corda do arco para evitar que o mesmo envergasse com o tempo. Seu arco era feito de mogno, material bem resistente às adversidades climáticas. O caçador conseguia retesar seu arco e disparar uma flecha por 300 metros, e foi o que fez. Com uma tremenda precisão, acertou o animal, entre um pinheiro e outro, caiu o corpo peludo e branco sem vida, com um barulho que estrondou em um raio de 500 metros, Roggvar e Fenrir ficaram apreensivos, como se algo estivesse para acontecer.
"A flecha do arqueiro nunca erra seu alvo." - Angi
            O caçador fez sinal para que o lobo ficasse parado em seu lugar e caminhou lentamente até o cadáver frio do veado, sendo surpreendido subitamente por uma forte luz que ofuscou seus olhos, seguido de uma aparição.
- Olá, mortal, meu nome é Hircine e você deve ter ouvido falar de mim, está surpreso? – Perguntou sarcasticamente ao caçador.
Hircine é um dos 17 seres conhecidos como Príncipes Daédricos, que habitam os planos de Oblivion, cada um com sua especialidade, sendo Hircine o príncipe da caça e pai das bestas-feras.
- N..n..não posso acreditar nos meus olhos – Disse Roggvar.
- Mestre. – Disse Fenrir.
- Não se surpreenda mortal, seu lobo foi mandado por mim para que você me encontrasse, inclusive ele foi um presente meu a você, sua habilidade de falar, lealdade e ferocidade foram dadas por mim! – Afirmou orgulhosamente o Príncipe. 
- Não estou entendendo nada, aliás, o que estou fazendo? Preciso levar você para Falkreath e reclamar meu prêmio!
Hircine mudou de expressão, passando o casco superior direito pela neve como se estivesse desenhando algo e se direcionou à Roggvar.
- Mortal, entenda apenas uma coisa por ora, eu tenho um propósito para você e preciso que faça algo por mim, pois é um exímio arqueiro e um de meus leais serviçais está em perigo, precisa de uma ajuda que não posso diretamente o oferecer.
"Hircine é um dos 17 seres conhecidos como Príncipes Daédricos,
que habitam os planos de Oblivion,"
- Já que estou aqui nessa condição, pode falar... – Afirmou Roggvar desanimado.
- Sinding, um lobisomem consciente foi aprisionado em Falkreath, inicialmente eu precisava que você o libertasse, mas as circunstâncias são outras, recebi notícias recentes de que um guerreiro o libertou a troco de um tesouro, agora caçadores da região estão atrás dele. Preciso que você o resgate!
- Certo, o que ganho com isso e onde encontro esse lobisomem? – Perguntou mais animado o caçador.
- As recompensas serão muitas e graduais, acredite mortal, Hircine nunca deixa de recompensar quem o serve. Sinding está em uma caverna conhecida como Gruta do Homem Inchado.
 Roggvar já ia se virando sem dizer adeus e chamou Fenrir, quando Hircine o interpelou:
- Espere, ainda não terminei com você! Como eu disse, tenho planos e planos muito grandes para você mortal, mas você não conversará mais comigo, apenas com meus emissários, essa é a última vez que teremos contato direto, portanto cuide para que tudo dê certo que eu irei lhe recompensar, agora vá e salve Sinding dos caçadores famintos.
            Roggvar não deu muita importância as palavras do Príncipe e sim ao que ele disse antes sobre Fenrir, por isso na caminhada para a caverna os dois não trocaram muitas palavras, como se um estivesse magoado com o outro. Os companheiros passaram por um rio com a água pelo joelho, depois precisaram caminhar em uma estrada de terra que era o único caminho acessível ao local. Chegando na gruta, haviam dois corpos dilacerados, um era de um Nord musculoso e o outro de um Bosmer baixo e magro, estavam com roupa de caça, munidos de adagas e estilingues, Roggvar e Fenrir estavam no local certo. O caçador então colocou seu gorro e adentrou cautelosamente a caverna, era úmida, com goteiras em vários pontos, além de ter uma vegetação rasteira próximo às pedras. Assim que entraram, Fenrir farejou um rastro de sangue que levou lobo e mestre até um Khajiit ferido, tinha roupas de um arqueiro mercenário e logo Roggvar o persuadiu a contar sobre o paradeiro do lobisomem, dando uma piscadela para que Fenrir ficasse calado.
"Khajiit não ser mentiroso, Lariigi ser irmão de K'Raarf."
- Pobre Khajiit! Foi aquele lobisomem maldito que fez isso com você? Onde ele está agora?
- Sim.. Lariigi se sentir muito mal, quase morrendo... Lobisomem feroz foi para aquele lado da gruta... O mate por Lariigi e outros guerreiros.

            Dito isso, Roggvar, para acabar com a vida do gato, sacou sua lâmina de caça, uma peça bem adornada com pele de animais raros, dando um golpe em sua jugular, sentiu a vida escapar de suas mãos, ou melhor, o resto dela. Fenrir apenas olhou e seguiu o caminho que foi apontado por Lariigi, enquanto Roggvar o seguia pensativo. Muitas coisas assaltavam a sua mente, mas estava particularmente curioso com o que Hircine tinha o dito, quais seriam seus planos para o caçador? Será que ele a partir daquele momento iria deixar de ir para Sovngarde por ser ganancioso e servir a um Príncipe Daédrico? Enquanto pensava, Roggvar foi surpreendido por uma cena: um Breton e um Redguard estavam frente a frente com um animal feroz e grande, parecia um lobo, mas daquele tipo Roggvar nunca tinha visto, com certeza era o tal lobisomem que Hircine tinha falado, mas agora o que fazer diante daquela cena? Ou o caçador executava Sinding ou o ajudava matando os dois guerreiros. Ele não teve tempo nem de escolher, quando Fenrir voou em cima do Redguard, enquanto o seu companheiro Breton olhou atônito aquilo e ao invés de atacar o lobo, cargueou um ataque de espada em direção a Roggvar, que também observava tudo sem ação. Por instinto, o caçador desviou do golpe com uma esquivada mortal, girando e puxando o inimigo para o lado oposto, enquanto sacava sua adaga e furava a costela do Breton, fazendo-o soltar um gemido abafado de dor. Olhando para o outro lado da escaramuça, Roggvar viu que Fenrir não tinha dado conta do Redguard, pois ele a todo o momento tentava estocar o lobo com uma lança, o impedindo de atacar. Então o caçador viu que não havia tempo para encordoar seu arco e lançou a adaga na nuca do Redguard, acertando-o em cheio e com muita força graças ao seu braço musculoso de arqueiro.
"O lobisomem parecia inofensivo no momento."
            Com os dois inimigos no chão, o caçador olhou aliviado para seu lobo, que uivou em tom de vitória, apontando para o lobisomem que estava cansado e quase sem forças. Roggvar e Fenrir se aproximaram dele, parecia inofensivo no momento.
- Você é o caçador prometido a mim? – Perguntou o lobisomem.
- Pensei que Fenrir fosse o único da espécie que falava – Brincou Roggvar – Hircine mandou vir salvar você do ataque.
- Acredite, ele não é o único e existem outros, seu lobo não é um lobo qualquer, ele sempre fez parte de sua vida, mesmo você não sabendo... Quanto a mim, achei que soubesse que eu não tenho como ser salvo, essa licantropia é uma doença degenerativa para alguns, por isso existem aqueles que a tomam como maldição e outros como benção de Hircine, no meu caso eu sou o primeiro, estou perto da morte e sinto muitas dores, por isso consegui ser pego em Falkreath.
- Quer dizer que eu vim aqui para nada? – Retrucou o caçador.
- Não, eu te darei a recompensa prometida por Hircine, ele te mandou na verdade para acabar com o meu sofrimento, pois sabia que só você conseguiria.
- Não entendo, por quê eu? Quase que os dois ali acabavam com você, se não fosse por m...
- Só você! Não posso falar ainda, mas saberá. – Interpelou Sinding – Existem duas maneiras de matar um lobisomem, ou sendo um lobisomem ou utilizando uma arma de prata, no seu caso, acho que uma flechada em meu coração resolverá.
"Juízo final do peludão."

            Roggvar mantinha um punhado de flechas de prata em sua aljava, foi presente de um fazendeiro rico ao norte de Whiterun, o qual o caçador ajudou exterminando uma praga de gatos selvagens da região. Ele encordoou seu arco e sacou uma flecha de prata, retesando a mesma com pouca força, visto a distância entre ele e o lobisomem.
- É isso mesmo que você quer? – Protelou o caçador.
- Faça! Eu imploro! Você não tem idéia da dor que sinto, só mais uma coisa, sua recompensa está em meu indicador direito, é um anel dado pelo próprio Hircine, talvez não terá muita utilidade agora, mas quem sabe no futuro...


            Então Roggvar soltou a corda. A flecha voou baixo, com pouca força, mas suficiente para derrubar o lobisomem a três metros de distância. Era mais um animal que Roggvar matara? Era um homem? O caçador tinha muitas dúvidas naquele dia, mas nem Fenrir seria capaz de sanar todas elas.







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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Capítulo IX - Em busca de paz

Era mais um dia na terra gélida de Skyrim, como sempre, o frio assolou a noite, enquanto Roggvar dormia em seu colchão feito de pele de urso, rodeado de árvores e não havia nenhuma cidade ou assentamento por perto. Pela manhã, partilhou três pedaços de salmão assado com seus companheiros, Bea e Fenrir, deixando os restos na terra, para decomposição. Após o desjejum, mestre e lobo partiram para sua aventura, atravessando quase metade do caminho para Falkreath, começando uma parte de floresta densa que era intransponível. Os dois prosseguiram, pela estrada agora, até que em um momento havia um tronco enorme de árvore, os impossibilitando de prosseguir.

- Parece que os nove estão contra nós – esbravejou o caçador desiludido.
Fenrir olhou Roggvar de cima a baixo e rosnou – acho melhor voltarmos – tomando o caminho de volta. Então, prosseguiram por um caminho diferente, tendo que passar por uma passagem entre as montanhas. Roggvar pediu que o lobo escoltasse o caminho a frente, enquanto prosseguia mais lentamente, aguardando, caso Fenrir encontrasse inimigos, pois o caminho era desconhecido por ele. O caçador então avistou uma pequena cabana, de madeira velha e podre, onde parecia viver uma mulher imersa em uma solidão quase que gritante. Quando Roggvar chegou mais perto, conseguiu enxergar sua face, era uma nórdica, de cabelos loiros, com uma aparência sofrida, era Angi, amiga de infância do caçador, a qual ele não via desde os catorze anos de idade.

- Angi?! Oi! É você? – questionou o caçador.
- Sim... sou eu, quanto tempo não o vejo, Roggvar? – disse a mulher com uma expressão desanimada.
- Quase vinte anos! Você ficou sumida esse tempo todo, por quê? – perguntou Roggvar surpreso.
Angi parou, olhou com tristeza para o caçador e contou: - Roggvar... minha família toda foi assassinada por dois guardas bêbados que entraram cortando a garganta de todos, eu consegui escapar e matei os dois, por isso estou escondido, confio em você...
O caçador acalentou a sua velha amiga, conversando com ela sobre os últimos anos, relembrando os velhos tempos, e tomando uma boa garrafa de vinho, deixando os ânimos em cima. Roggvar então contou suas façanhas como caçador e como gostava de utilizar o arco e flecha, usando quase sempre técnicas sorrateiras para pegar sua presa.

- Roggvar, sabe que conheci e treinei um rapaz que era parecido com você? O nome dele era Leoric, hoje ele é um arqueiro renomado em toda a província, treina vários outros arqueiros e é chamado para muitas missões complicadas, sua pontaria nunca erra um alvo! – disse a mulher levantando-se da cadeira.
- Um dia eu quero conhecer esse Leoric, me parece um sujeito interessante, mas agora, gostaria que me treinasse também, pode ser? – perguntou Roggvar ansioso.
- Claro, estava precisando dar uma aquecida mesmo, vamos lá!

Então os dois seguiram para um campo no topo da montanha, onde Angi mantinha alguns alvos, dava para ver boa parte da província lá de cima, havia muitas mudas de Snowberry e árvores cobertas de gelo. Angi pegou um arco, algumas flechas e explicou como iria ser o treino para Roggvar:
- Roggvar, quem me ensinou a usar arco e flecha foi minha mãe, ela dizia que compostura é a chave de todo o sucesso, você pode estar no meio do caos, mas se conseguir ficar calmo poderá acertar vários inimigos. Olhe e aprenda, após repita comigo – falou a arqueira enquanto atirava nos três alvos, um por vez, e depois deu sinal para o caçador fazer o mesmo.

- Ótimo! Meu irmão mais velho sempre me levou para caçar quando eu era pequena. Naquele tempo, era difícil colocar comida na mesa, imagina ter o que vender no Mercado. Por isso, quando nós tinhamos mais de um veado em um só lugar, era difícil não querer matar todos que pudéssemos. Se você conseguir aprender a manter a calma e confiar que cada disparo é certeiro, então você irá facilmente acertar vários alvos. - ensinou Angi, voltando a mostrar como Roggvar devia proceder, fazendo-o com igual proficiência.
- Nós falamos sobre calma e velocidade, agora vamos falar de precisão! Muitas vezes você não vai conseguir chegar tão perto de sua presa, então terá que lidar com tiros de longa distância. Contudo, é provável que esse seja o único disparo que você poderá fazer, antes de sua presa correr para longe. – afirmou pacificamente a arqueira, enquanto atirava no último alvo, a pelo menos 300m de distância. – Ok, é sua vez. Tente acertar aquele alvo lá atrás, bem atrás daquela árvore. Lembre-se: tenha calma e dê um tiro certeiro. Então, Roggvar pensou, parou, e com um silêncio imperativo, deu seu tiro de misericórdia, acertando o alvo em cheio.
- Muito bem, falamos sobre calma, velocidade, e precisão. Agora é hora de usar as três habilidades de uma vez só. Fique ciente de que este desafio é muito difícil, poderá levar um tempo até que o complete, mas a prática é baseada nisso, se conseguir finalizá-lo, garanto que será um arqueiro e tanto. – afirmou confiante Angi. – Apenas lembre-se de tudo que eu lhe ensinei, tente juntar tudo e fundir em uma só técnica, agora vá!

Roggvar então parou, respirou fundo, viu os três alvos, os dois primeiros em uma distância de 100-200m, enquanto que o terceiro ficava bem mais longe, 300m de distância. O caçador pegou então seu arco, encontrado perdido em uma ruína abandonada perto de Markath, o tencionou e segurou a respiração, atirando nos dois primeiros alvos em 7 segundos. Os 3 segundos restantes pareciam uma eternidade, então no primeiro dele, pegou a flecha e mirou, no segundo posterior atirou e no terceiro, a flecha acertou o último alvo, com uma força e precisão inigualáveis.

- É Roggvar, acho que te ensinei tudo que sei, parece que você está melhor que eu! Estranho pensar nisso, vamos entrar e tomar um vinho. – afirmou a arqueira, entrando em casa com Roggvar. Sua cabana era quente e aconchegante, apesar de muito pequena, havia uma cama e uma mesa de canto com apenas duas cadeiras, mostrando que se Angi estivesse esperando visita, não poderia passar de mais de uma pessoa. Enquanto os dois tomavam vinho e contavam histórias de caçadores e arqueiros, Fenrir entrou ofegante na cabana, Angi se assustou e ia pegando seu arco para matar o “lobo feroz”, quando Roggvar advertiu:

- Espere! Esse lobo é meu companheiro, ele está ofegante! O que foi, Fenrir?
- Eu o encontrei, o grande veado branco, ele está 5km a nordeste daqui, vamos logo! – Disse o lobo com muita pressa.
Então Angi e Roggvar se despediram, tendo o último tomado o resto de vinho que havia em sua taça, enquanto corria com todo seu equipamento para a direção apontada por Fenrir. Já era quase noite, mas eles decidiram não acampar. Então, assim começava mais uma aventura dos companheiros Roggvar e Fenrir, talvez uma aventura que pudesse mudar suas vidas.
















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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Capítulo VIII - Preocupação ou precaução?

Estava um dia ensolarado, assim como a maioria das manhãs de primavera em Riverwood. Carregadores de madeira iam de um lado para o outro, cantarolando e assobiando, mercadores passavam gritando os seus preços e soprava um vento agradável. Roggvar então pegou suas ferramentas, que consistiam em um arco imperial, flechas com ponta de aço, duas adagas, algumas poções em pequenos frascos, carne seca e vinho Alto, saiu pela taberna local nervoso e chateado.


- Mas você não disse que ia me acompanhar?! Eu tomo a palavra de um homem como inerente a sua honra! – Esbravejou o caçador.

Faendal então olhou nos olhos de Roggvar, encabulado com sua própria atitude, e balbuciou algumas palavras:
- Mmmaass.... Eu tenho uma pessoa aqui... Não posso deixá-la...
- Tudo bem, como sempre os elfos são covardes, fedorentos e desonrosos! – Disse o caçador partindo imediatamente com seu lobo para o sul, a caminho de Falkreath, a fim de encontrar o veado gigante de que tanto ouvira falar. O caminho, apesar de pavimentado, era íngreme e selvagem, plantas cresciam desenfreadamente, quase que impedindo o avanço da dupla. 



Roggvar e Fenrir então pararam em um riacho para tomar um pouco d’água, já que tinham caminhado por quase quatro horas e só agora pararam para descansar. Enquanto o caçador tomava água, seu lobo avistou um veado, era grande e tinha chifres desenvolvidos, provavelmente um macho no auge de sua meia-idade. Fenrir foi ao seu encalço resmungando.

- Não é o grande veado branco, mas é veado.
Então o feroz lobo correu com muito afinco atrás do veado, que correu com a mesma vontade porém não suficiente para evitar a mordida devastadora do seu predador. Fenrir era um lobo acostumado a atacar presas, sabia a hora e o local certo para abocanhar, o veado só sentiu os dentes da fera em seu pescoço, não errava nunca. 



Após o descanso, os dois partiram novamente pela estrada cansativa, sempre caminhando com cautela, pois não era raro avistarem um urso dormindo ou andando pela floresta que os cercava. O sol estava mais forte do que pela manhã, eram quase duas horas da tarde, o caminho parecia ficar mais suave e Roggvar arriscou:

- Você acha que encontraremos nossa presa em que ponto?
- Apesar dos caçadores em Whiterun terem afirmado que ele foi encontrado pastando pelo sul de Falkreath, acho que ele estará mais a nordeste, perto de onde sempre tem um bando de veados reunidos. – Afirmou o lobo certo de sua afirmação. 


Após mais duas horas andando por terreno plano, eles acabaram avistando uma pessoa, era uma mulher, se aproximaram e foram surpreendidos: era Bea, a caçadora que eles haviam conhecido anteriormente, no caminho para Rorikstead. 

- Ei, eu conheço você, não é caçador? – Perguntou Bea.
- Sim, sou caçador, nos conhecemos há uns dois anos, você me salvou de um peixe raivoso. – Afirmou Roggvar.
- Sim! Era você que trazia um lobo pequenino, então pelo visto você o manteve como seu amigo. – Assuntou a caçador.
Roggvar então sentou em uma pedra, de costa para Fenrir e Bea, tenso e com um semblante preocupado. Então desabafou:
- Sim, é ele, mas minha preocupação agora é outra. Estou atrás do grande veado branco, você obteve alguma informação sobre ele? 
- Não muita coisa, alguns dos caçadores locais o avistaram nas proximidades de Pinewatch, mas ele é tão rápido que nenhum deles conseguiu sequer apontar em sua direção, tendo ele escapado em fração de segundos. – Informou Bea.


- Falei, meu sentido canino não falha, sabia que o veado estaria por aquelas regiões, ele deve ser o líder do bando de veados! – Rosnou Fenrir entusiasmado.

Roggvar então assentiu com a cabeça, ainda nervoso com as palavras de Bea, pensou em como seria essa noite, talvez não dormiria, queria apenas planejar de que modo pegaria a sua presa. Estava com um temor, porém não queria falar a ninguém, até porque não sabia o motivo desse temor, então apenas deitou e tentou dormir, estava uma noite calma, calma demais...



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