sábado, 20 de setembro de 2014

Capítulo X - Os lobos falam

      Fenrir disparou em corrida e Roggvar foi logo atrás. O caçador estava cansado, com fome e com sede, tendo pegado somente duas maçãs e um cantil pequeno de vinho barato. Roggvar tomou o vinho e olhou para suas roupas, estavam muito sujas, mas esse era o ofício de caçador e ele tinha que o cumprir com afinco. O sol estava quase indo embora, quando os dois ouviram barulhos vindo de uma grande moita ao leste – era o Grande Veado Branco!
- Ali está o maldito! – Rosnou Fenrir.
            Então Roggvar rapidamente encordoou seu arco. Era costume dos arqueiros e caçadores tirarem a corda do arco para evitar que o mesmo envergasse com o tempo. Seu arco era feito de mogno, material bem resistente às adversidades climáticas. O caçador conseguia retesar seu arco e disparar uma flecha por 300 metros, e foi o que fez. Com uma tremenda precisão, acertou o animal, entre um pinheiro e outro, caiu o corpo peludo e branco sem vida, com um barulho que estrondou em um raio de 500 metros, Roggvar e Fenrir ficaram apreensivos, como se algo estivesse para acontecer.
"A flecha do arqueiro nunca erra seu alvo." - Angi
            O caçador fez sinal para que o lobo ficasse parado em seu lugar e caminhou lentamente até o cadáver frio do veado, sendo surpreendido subitamente por uma forte luz que ofuscou seus olhos, seguido de uma aparição.
- Olá, mortal, meu nome é Hircine e você deve ter ouvido falar de mim, está surpreso? – Perguntou sarcasticamente ao caçador.
Hircine é um dos 17 seres conhecidos como Príncipes Daédricos, que habitam os planos de Oblivion, cada um com sua especialidade, sendo Hircine o príncipe da caça e pai das bestas-feras.
- N..n..não posso acreditar nos meus olhos – Disse Roggvar.
- Mestre. – Disse Fenrir.
- Não se surpreenda mortal, seu lobo foi mandado por mim para que você me encontrasse, inclusive ele foi um presente meu a você, sua habilidade de falar, lealdade e ferocidade foram dadas por mim! – Afirmou orgulhosamente o Príncipe. 
- Não estou entendendo nada, aliás, o que estou fazendo? Preciso levar você para Falkreath e reclamar meu prêmio!
Hircine mudou de expressão, passando o casco superior direito pela neve como se estivesse desenhando algo e se direcionou à Roggvar.
- Mortal, entenda apenas uma coisa por ora, eu tenho um propósito para você e preciso que faça algo por mim, pois é um exímio arqueiro e um de meus leais serviçais está em perigo, precisa de uma ajuda que não posso diretamente o oferecer.
"Hircine é um dos 17 seres conhecidos como Príncipes Daédricos,
que habitam os planos de Oblivion,"
- Já que estou aqui nessa condição, pode falar... – Afirmou Roggvar desanimado.
- Sinding, um lobisomem consciente foi aprisionado em Falkreath, inicialmente eu precisava que você o libertasse, mas as circunstâncias são outras, recebi notícias recentes de que um guerreiro o libertou a troco de um tesouro, agora caçadores da região estão atrás dele. Preciso que você o resgate!
- Certo, o que ganho com isso e onde encontro esse lobisomem? – Perguntou mais animado o caçador.
- As recompensas serão muitas e graduais, acredite mortal, Hircine nunca deixa de recompensar quem o serve. Sinding está em uma caverna conhecida como Gruta do Homem Inchado.
 Roggvar já ia se virando sem dizer adeus e chamou Fenrir, quando Hircine o interpelou:
- Espere, ainda não terminei com você! Como eu disse, tenho planos e planos muito grandes para você mortal, mas você não conversará mais comigo, apenas com meus emissários, essa é a última vez que teremos contato direto, portanto cuide para que tudo dê certo que eu irei lhe recompensar, agora vá e salve Sinding dos caçadores famintos.
            Roggvar não deu muita importância as palavras do Príncipe e sim ao que ele disse antes sobre Fenrir, por isso na caminhada para a caverna os dois não trocaram muitas palavras, como se um estivesse magoado com o outro. Os companheiros passaram por um rio com a água pelo joelho, depois precisaram caminhar em uma estrada de terra que era o único caminho acessível ao local. Chegando na gruta, haviam dois corpos dilacerados, um era de um Nord musculoso e o outro de um Bosmer baixo e magro, estavam com roupa de caça, munidos de adagas e estilingues, Roggvar e Fenrir estavam no local certo. O caçador então colocou seu gorro e adentrou cautelosamente a caverna, era úmida, com goteiras em vários pontos, além de ter uma vegetação rasteira próximo às pedras. Assim que entraram, Fenrir farejou um rastro de sangue que levou lobo e mestre até um Khajiit ferido, tinha roupas de um arqueiro mercenário e logo Roggvar o persuadiu a contar sobre o paradeiro do lobisomem, dando uma piscadela para que Fenrir ficasse calado.
"Khajiit não ser mentiroso, Lariigi ser irmão de K'Raarf."
- Pobre Khajiit! Foi aquele lobisomem maldito que fez isso com você? Onde ele está agora?
- Sim.. Lariigi se sentir muito mal, quase morrendo... Lobisomem feroz foi para aquele lado da gruta... O mate por Lariigi e outros guerreiros.

            Dito isso, Roggvar, para acabar com a vida do gato, sacou sua lâmina de caça, uma peça bem adornada com pele de animais raros, dando um golpe em sua jugular, sentiu a vida escapar de suas mãos, ou melhor, o resto dela. Fenrir apenas olhou e seguiu o caminho que foi apontado por Lariigi, enquanto Roggvar o seguia pensativo. Muitas coisas assaltavam a sua mente, mas estava particularmente curioso com o que Hircine tinha o dito, quais seriam seus planos para o caçador? Será que ele a partir daquele momento iria deixar de ir para Sovngarde por ser ganancioso e servir a um Príncipe Daédrico? Enquanto pensava, Roggvar foi surpreendido por uma cena: um Breton e um Redguard estavam frente a frente com um animal feroz e grande, parecia um lobo, mas daquele tipo Roggvar nunca tinha visto, com certeza era o tal lobisomem que Hircine tinha falado, mas agora o que fazer diante daquela cena? Ou o caçador executava Sinding ou o ajudava matando os dois guerreiros. Ele não teve tempo nem de escolher, quando Fenrir voou em cima do Redguard, enquanto o seu companheiro Breton olhou atônito aquilo e ao invés de atacar o lobo, cargueou um ataque de espada em direção a Roggvar, que também observava tudo sem ação. Por instinto, o caçador desviou do golpe com uma esquivada mortal, girando e puxando o inimigo para o lado oposto, enquanto sacava sua adaga e furava a costela do Breton, fazendo-o soltar um gemido abafado de dor. Olhando para o outro lado da escaramuça, Roggvar viu que Fenrir não tinha dado conta do Redguard, pois ele a todo o momento tentava estocar o lobo com uma lança, o impedindo de atacar. Então o caçador viu que não havia tempo para encordoar seu arco e lançou a adaga na nuca do Redguard, acertando-o em cheio e com muita força graças ao seu braço musculoso de arqueiro.
"O lobisomem parecia inofensivo no momento."
            Com os dois inimigos no chão, o caçador olhou aliviado para seu lobo, que uivou em tom de vitória, apontando para o lobisomem que estava cansado e quase sem forças. Roggvar e Fenrir se aproximaram dele, parecia inofensivo no momento.
- Você é o caçador prometido a mim? – Perguntou o lobisomem.
- Pensei que Fenrir fosse o único da espécie que falava – Brincou Roggvar – Hircine mandou vir salvar você do ataque.
- Acredite, ele não é o único e existem outros, seu lobo não é um lobo qualquer, ele sempre fez parte de sua vida, mesmo você não sabendo... Quanto a mim, achei que soubesse que eu não tenho como ser salvo, essa licantropia é uma doença degenerativa para alguns, por isso existem aqueles que a tomam como maldição e outros como benção de Hircine, no meu caso eu sou o primeiro, estou perto da morte e sinto muitas dores, por isso consegui ser pego em Falkreath.
- Quer dizer que eu vim aqui para nada? – Retrucou o caçador.
- Não, eu te darei a recompensa prometida por Hircine, ele te mandou na verdade para acabar com o meu sofrimento, pois sabia que só você conseguiria.
- Não entendo, por quê eu? Quase que os dois ali acabavam com você, se não fosse por m...
- Só você! Não posso falar ainda, mas saberá. – Interpelou Sinding – Existem duas maneiras de matar um lobisomem, ou sendo um lobisomem ou utilizando uma arma de prata, no seu caso, acho que uma flechada em meu coração resolverá.
"Juízo final do peludão."

            Roggvar mantinha um punhado de flechas de prata em sua aljava, foi presente de um fazendeiro rico ao norte de Whiterun, o qual o caçador ajudou exterminando uma praga de gatos selvagens da região. Ele encordoou seu arco e sacou uma flecha de prata, retesando a mesma com pouca força, visto a distância entre ele e o lobisomem.
- É isso mesmo que você quer? – Protelou o caçador.
- Faça! Eu imploro! Você não tem idéia da dor que sinto, só mais uma coisa, sua recompensa está em meu indicador direito, é um anel dado pelo próprio Hircine, talvez não terá muita utilidade agora, mas quem sabe no futuro...


            Então Roggvar soltou a corda. A flecha voou baixo, com pouca força, mas suficiente para derrubar o lobisomem a três metros de distância. Era mais um animal que Roggvar matara? Era um homem? O caçador tinha muitas dúvidas naquele dia, mas nem Fenrir seria capaz de sanar todas elas.







_________________________________________________________________________________

Curtiu? Então classifique abaixo e acesse o grupo de roleplay e poste a sua, é só clicar na imagem ao lado!

Nenhum comentário:

Postar um comentário