Caros leitores e seguidores de Roggvar,
Antes de começar, gostaria de esclarecer algumas coisas:
- Mudei o foco narrativo para narrador-personagem, achei que se adaptou melhor a este tipo de conto, pois narrará toda a vida do personagem principal, então gostaria que ele próprio a contasse.
- Este capítulo encerrará o primeiro conto, que será pequeno assim mesmo. Já consegui pensar em um enredo para mais dois contos, porém, talvez possa expandir mas por enquanto não me veio essa ideia.
- Como esse é o último capítulo, há um resumo de todo o conto para que fique fácil ao novo leitor ter acesso à história.
- Por fim, gostaria de receber crítica, favoráveis ou não, para que possa aprimorar esse hobbie que é maravilhoso.
Ficamos em casa por uma semana, tinha algumas pendências a resolver, por isso esperei mais algum tempo até atender o chamado de meu pai. Na carta, ele não havia especificado o assunto que queria tratar, assim achei que não tinha pressa. No oitavo dia, peguei quatro pedaços de queijo, duas velas, todo tesouro que encontrei naquela caverna subterrânea, meu arco e minha aljava com trinta flechas, assim que terminei de arrumar a mochila, me despedi de Sirja e logo após, estava na estrada com Fenrir.
Antes de começar, gostaria de esclarecer algumas coisas:
- Mudei o foco narrativo para narrador-personagem, achei que se adaptou melhor a este tipo de conto, pois narrará toda a vida do personagem principal, então gostaria que ele próprio a contasse.
- Este capítulo encerrará o primeiro conto, que será pequeno assim mesmo. Já consegui pensar em um enredo para mais dois contos, porém, talvez possa expandir mas por enquanto não me veio essa ideia.
- Como esse é o último capítulo, há um resumo de todo o conto para que fique fácil ao novo leitor ter acesso à história.
- Por fim, gostaria de receber crítica, favoráveis ou não, para que possa aprimorar esse hobbie que é maravilhoso.
Ficamos em casa por uma semana, tinha algumas pendências a resolver, por isso esperei mais algum tempo até atender o chamado de meu pai. Na carta, ele não havia especificado o assunto que queria tratar, assim achei que não tinha pressa. No oitavo dia, peguei quatro pedaços de queijo, duas velas, todo tesouro que encontrei naquela caverna subterrânea, meu arco e minha aljava com trinta flechas, assim que terminei de arrumar a mochila, me despedi de Sirja e logo após, estava na estrada com Fenrir.
Fenrir é o meu lobo de estimação. O conheci há dois anos,
quando em uma caçada, avistei sua mãe estirada no chão, morta, momento em que
ele me seguiu e acabei pegando ele para criar. Desde então, ele passou a ser um
grande companheiro para mim. Juntos, caçamos muitos animais e ultimamente, fomos
atrás do Grande Veado Branco, procurado por muitos caçadores. Eventualmente, o
achamos e ele revelou ser o Príncipe Daédrico da Caça, Hircine, o qual afirmou
ter um propósito para mim, que, por ora, não poderia ser revelado, mas que
precisava de mim para completar uma missão: salvar um de seus serviçais,
Sinding, um lobisomem, que entrou em loucura após por as mãos em um anel
encantado. Fui até o local indicado por Hircine e lá encontrei alguns
caçadores, os quais tiveram que nós enfrentar. Salvei Sinding, o qual me pediu
para matá–lo e me ofereceu um anel sem utilidade
aparente.
O destino era Solitude, a capital da
província de Skyrim com uma área portuária esfuziante. Em duas semanas chegamos
às docas e eu percebi que nesse meio tempo Fenrir não falou nenhuma palavra,
pelo contrário, ele parecia estar ficando mais feroz a cada dia. Como não
conhecia o lugar, procurei alguém que pudesse me esclarecer que rumo tomar ao
procurar meu pai, que foi convocado há três anos para fazer armas e armaduras para
o exército imperial. Encontrei um elfo
negro que estava quieto, observando a montanha que fica por trás das docas, a
montanha que leva à cidade.
Negro como que nascido das cinzas. |
– Olá senhor – perguntei. – Sabe
onde posso encontrar um ferreiro que trabalha para o Império?
O Elfo me olhou como se eu
tivesse feito algo atípico e comentou:
– Um nord falando com um dunmer,
pelo menos alguém nesse lugar sabe nos respeitar. Bem, os servos do império
geralmente ficam no Castelo Dour, que é o quartel–general dos rosados.
Rosado é o apelido pouco carinhoso
dados aos imperiais. Afastei-me do senhor com um súbito arrepio na espinha.
Nunca tinha visto um elfo negro tão negro quanto aquele, parecia que fora
forjado em carvão. Subi a encosta com Fenrir, a qual era íngreme e estava
molhada por causa da chuva que caía, meus pés chapinhavam na lama que se formava
ao chão. Por fim, cheguei à entrada da cidade, onde os portões estavam abertos
com dois guardas, um de cada lado das ameias. Ao entrar, vi uma multidão
aglomerada, assistindo a uma execução que estava prestes a acontecer em um
cadafalso de pedra. Estavam presentes dois guardas, um parecia ser o capitão
deles, pois estava sem capacete e com uma armadura mais polida, além do
executado e do carrasco, que era um redguard sem capacete também. Descobri o
nome do sujeito que seria executado pelos gritos da multidão enfurecida.
Morte ao traidor! |
Morte ao
traidor!
Roggvir
merece ser torturado!
Corte seu pescoço!
Gelei. O nome era parecido com o
meu, no entanto por uma letra fui salvo. Apesar da multidão raivosa, pude ver e
ouvir uma moça soluçando de chorar, ela parecia não gostar da cena, por isso
tentei confortá–la:
– Olá moça, com licença, a senhora é
familiar do executado?
– Sim, sou irmã – afirmou a moça
chorando copiosamente – Meu irmão foi quem deixou Ulfric sair de Solitude após
matar o Rei Supremo de Skyrim em um duelo.
Dito isso, prestei–lhe minhas
condolências, passei por algumas lojas, pois Solitude tinha um forte comércio e
segui até o Castelo Dour. Era um lugar imenso, com várias portas e janelas. Viam–se
muitos soldados treinando com espadas, lanças, arcos e escudos, mas também
tinha bancos para se sentar, foi o que eu fiz, pois estava cansado da viagem
que durou um dia e meio. Enquanto tomava um copo de bom ale que comprei na taverna,
vi um homem se aproximar, era o redguard que executou o sujeito na entrada da
cidade. Ele me fitou nos olhos enquanto eu retribuía a atitude, era muito alto
e parecia ser vigoroso, o que mais assustava era a lâmina grande e afiada
em suas costas, percebi que aquilo não poderia ser manejado por apenas uma mão.
Curved swords, huh? |
– Ei, belo lobo você tem aí – gritou
o homem enquanto se aproximava mais.
Fenrir mostrou os dentes e colocou–se
em posição de ataque, mas mandei ele relaxar, afinal o homem trabalhava para o
conselho da cidade. Não respondi sua afirmação, mesmo assim ele prosseguiu,
como se realmente não esperasse uma reação.
– Gostaria de pedir um favor, não há
muitos guerreiros nesta cidade e eu mesmo não sou um guerreiro – não sei
manejar espada ou lutar em um combate, apenas corto cabeças. – portanto, se
puder me ouvir...
– O que quer? – o interpelei
rispidamente – De onde tirou que sou guerreiro?
– Bem, sua armadura leve, seu arco e
seu lobo, eu sinto que há algo mais em você do que um mero caçador.
– Não me tire por aventureiro ou por
um mercenário, mas fale homem, diga o que quer.
– Existe um ladrão que se refugiou
em uma caverna abaixo da cidade, ele roubou coisas que me pertencem, além do
mais, é um velho inimigo da guarda da cidade. Gostaria que retornasse as coisas
e, por ventura, desse cabo nele.
– Verei o que posso fazer, não
matarei o homem, mas retornarei suas coisas. – falei.
– Está bom, faça como quiser, a
propósito meu nome é Ahtar. – disse o homem.
– Roggvar. – bradei, para que
lembrasse meu nome. – Agora vou indo.
Um nord careca sem nenhum juízo. |
Dito isso, segui com Fenrir até a
caverna que ficava embaixo da cidade. Como só havia essa, não perguntei qual
era o local, pois já tinha visto o local anteriormente. Meu pai poderia esperar
enquanto eu lidava com essa pequena tarefa, não iria dar cabo do homem, mas ele
tomaria um belo susto. Quando entrei na caverna, esta tinha sinais de habitação
e rastros que seguiam por um túnel estreito, consegui sentir cheiro de carne.
Ao seguir esses rastros, senti um súbito instinto, ou melhor, vontade de matar como
se fosse um animal, de repente, vi uma sombra e percebi que tinha encontrado o
homem. Era um nord, careca e possuía um grande martelo de guerra nas costas,
bem como um saco ao seu lado.
Como que involuntariamente, saquei
meu arco, encordoei, coloquei uma flecha e atirei–a. Passou por debaixo da
axila do homem, acertando em cheio e levando ao chão seu grande corpo pesado e
sem vida. Não me sentia mal fazendo isso, pelo contrário, parece que havia me
tornado uma máquina de matar com aquele arco. Peguei a sacola com os pertences
e retornei até Solitude para me encontrar com Ahtar no mesmo lugar. Ele me
chamou para um cômodo do castelo, fechando a porta atrás ao entrarmos.
– Não só recolhi os pertences como
matei o homem. – falei aquilo com uma naturalidade e satisfação.
– Lhe darei uma boa quantia em di...
– Não precisa, não precisa! Só me
diga onde vender pedras preciosas aqui. – o interpelei.
– Já que insiste, o ferreiro pode
fazer essas tratativas com você, ele fica no alto, perto da forja e ao lado da
loja de arquearia.
– Obrigado, agora irei me retirar.
Com isso, o grande redguard abriu a
porta e me deixou passar. Segui até o caminho que ele falou e subi uma rampa de
pedra, onde avistei um homem na faixa de seus quarenta e poucos anos, careca e
com um avental de ferreiro. Era meu pai, não mudara desde que saiu de casa para
trabalhar em favor dos imperiais. Ao me ver, ele ficou surpreso e franziu o
cenho. Abri os braços em reverência e fui o primeiro a quebrar o silêncio.
Meu pai, meu grande herói, apesar de ser somente um ferrei |
– Pai, quanto tempo esperei contato
do senhor, agora aqui estou, te visitando!
– Filho... – falou meu pai com o
rosto em lágrimas. – senti muito sua falta, como estão as coisas em casa? Sirja
tem aceitado melhor a morte de sua mãe? Espero que não estejam passando
necessidade.
- Pode se despreocupar quanto a isso
pai, a produção de leite vai ótima e eu consegui umas pedras preciosas em minha
última caçada, quando fui atrás do Grande Veado Branco, acabei descobrindo que
ele er...
- Filho, preciso falar a sós com
você – afirmou meu pai ríspido – mande o lobo embora.
Diante disso, Fenrir rosnou para meu
pai e fiquei sem entender o motivo, mas pedi que ele se afastasse da cidade e
fui conversar com meu pai. Agora ele tinha uma feição séria e carrancuda.
- Roggvar, preciso lhe contar uma
história, uma história muito importante e que vai decidir os próximos momentos
de sua vida, espero que a escute com muita atenção. – falou meu pai,
prosseguindo com um balanço positivo de cabeça da minha parte. – Como você
sabe, o Grande Veado Branco é Hircine, o Príncipe Daédrico da Caça e da
Licantropia, além de ser o Senhor dos Campos de Caça. O seu encontro com ele
não foi por acaso, ele te atraiu por meio dos seus servos e tem um particular
interesse em você, pois é imbuído com sangue feral e tem habilidades
sobre-humanas. Desde pequeno você conseguia fazer coisas que seus amigos nunca fizeram
você tem uma ótima pontaria, consegue se recuperar rápido de ferimentos, não é
só isso, em breve, terá mais ainda mais poderes.
Fiquei surpreso com as palavras de
meu pai. Realmente, eu era diferente dos meus amigos, mas achei que aquilo era
algo natural, de fato algo havia mudado em mim e eu precisava de respostas.
- De fato, mas como o senhor sempre soube
disso e não me falou? – perguntei intrigado ao meu pai.
- Há coisas que não podem ser
faladas por enquanto, filho, você entenderá mais na frente. Por enquanto, quero
que saiba que antes de nascer eu fiz um sacrifício que fez você ganhar esses
poderes gradativamente. O que espero de você é que desenvolva esses poderes
para o bem, por isso o chamei aqui. – falou meu pai, dando uma pequena pausa
para pegar ar. – O que posso falar é que o príncipe é um velho inimigo meu. O
lobo é servo de Hircine, ele está presente nas estátuas do demônio espalhadas
por Tamriel, por isso preciso que tenha mais cuidado com ele, pois foi mandado
para convertê-lo ao seu lado, o que não pode acontecer de jeito nenhum filho. É
essencial você saber que a partir de agora Hircine tentará trazer você para seu
lado a todo custo, ele possui três formas: em uma ele tem o corpo de humano e
cabeça de veado, sua forma mais resistente e poderosa, além de ser a esculpida
em suas estátuas. A forma veloz, que é um lobo com cabeça de veado, ele é muito
rápido. Por fim, possui a forma de um Grande Veado Branco, a lenda que poucos
conhecem. Sugiro que leia mais sobre a
figura no livro 16 Acordes de Loucura.
- Tudo bem meu pai, entendo, tomarei
cuidado com Fenrir, mas o que quer que eu faça agora? Largue a caça? –
perguntei, percebendo que meu pai ficou irritado.
- Você irá para Whiterun, Jorvaskrr,
lá encontrará Kodlak Whitemane, um velho conhecido meu, enviei uma carta para
ele quando despachei a sua, portanto, ele está ciente da situação. Você será
treinado junto com os companions e aperfeiçoará seu poder, além de ficar longe
de Hircine, você está começando a demonstrar seus poderes ocultos, já consegue
farejar, não é? – perguntou meu pai como se já soubesse a resposta.
- Sim, eu consigo distinguir cheiros
agora com mais facilidade, parece que meu nariz está sensível, pensei que fosse
alguma doença...
- Agora vá e se junte a eles o mais
rápido possível, quanto ao dinheiro que tirava com a caça, pode ficar tranquilo
pois estou recebendo bem aqui e poderei ajudar sua irmã. Em breve darão um
jeito no lobo, mesmo que temporário, portanto, trate de ir logo, mas primeiro
passe em casa. Mais uma coisa filho, queria que você soubesse... És o meu
presente para esta província, quando treinado será uma arma contra as trevas!.
- Ainda não entendo, mas confio no senhor
e sei que muito em breve entenderei. Ainda há algo a ser feito, eu trouxe as
pedras que consegui na última aventura, o senhor poderia vendê-las para mim? –
indaguei.
- Sim, enviarei o dinheiro para sua
irmã assim que conseguir vendê-las. Foi muito bom te ver, filho. – disse meu
pai com os olhos úmidos enquanto abria os braços para me abraçar. – Sentirei
sua falta, venha me visitar quando puder.
Eu o abracei e assenti com a cabeça,
não falei mais nada. Entreguei as joias e desci até as docas onde estava Fenrir
me esperando. Ele não falava mais, será que era obra de meu pai? Mesmo assim, por
um dia e meio segui em silêncio de volta à fazenda, onde Sirja me esperava
ansiosamente.
- Roggvar! Como foi? Papai estava
bem? – perguntou ela.
- Sim, mas tenho que ir embora, ele
me pediu para que entrasse em treinamento junto aos companions, não sei quanto
tempo ficarei por lá, mas papai disse que suprirá minha falta mandando
incentivos para você.
- Mas Roggvar, existe um motivo
especial? Eu ficarei sozinha na fazenda! Como farei o trabalho braçal sozinha e
administrarei ao mesmo tempo? Fora que sentirei muito sua falta! – disse minha irmã com tristeza.
- Fique tranquila, irmã. Dará tudo
certo, papai sempre tem propósitos para tudo! – disse, confortando-a.
Então, alguns dias se passaram e eu
me preparava para partir, minha irmã estava no balcão revendo as contas, quando
de repente um homem entrou pela porta da frente. Era um homem alto e
corpulento, de pele negra e com um machado ameaçado à suas costas. Fiquei
apreensivo, mas logo essa necessidade se esvaiu, pois vi que era Ahtar, o homem
que ajudei em Solitude.
- Roggvar – disse o homem sorrindo.
– Estou aqui para ficar com sua irmã enquanto você treinar com os Companions.
Está aqui uma carta de recomendação, eu trabalho para seu pai agora.
Peguei um pedaço de papel da mão do
homem, era a letra e o selo de meu pai, ele realmente tinha mandado o redguard
até a fazenda.
- Ótimo, assim fico mais tranquilo.
– disse.
A partir daí eu terminei de arrumar
minhas coisas e passei dois dias ensinando a Ahtar como funcionava o cotidiano
da fazenda. Por fim, parti até Whiterun, se despedindo da minha irmã e
prometendo visitá-la. Eu e Fenrir estávamos agora na estrada, destino certo.
FIM
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