quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Capítulo XII - O conselho de um ferreiro

Caros leitores e seguidores de Roggvar,

Antes de começar, gostaria de esclarecer algumas coisas:

- Mudei o foco narrativo para narrador-personagem, achei que se adaptou melhor a este tipo de conto, pois narrará toda a vida do personagem principal, então gostaria que ele próprio a contasse.
- Este capítulo encerrará o primeiro conto, que será pequeno assim mesmo. Já consegui pensar em um enredo para mais dois contos, porém, talvez possa expandir mas por enquanto não me veio essa ideia.
- Como esse é o último capítulo, há um resumo de todo o conto para que fique fácil ao novo leitor ter acesso à história.
- Por fim, gostaria de receber crítica, favoráveis ou não, para que possa aprimorar esse hobbie que é maravilhoso.



 Ficamos em casa por uma semana, tinha algumas pendências a resolver, por isso esperei mais algum tempo até atender o chamado de meu pai. Na carta, ele não havia especificado o assunto que queria tratar, assim achei que não tinha pressa. No oitavo dia, peguei quatro pedaços de queijo, duas velas, todo tesouro que encontrei naquela caverna subterrânea, meu arco e minha aljava com trinta flechas, assim que terminei de arrumar a mochila, me despedi de Sirja e logo após, estava na estrada com Fenrir.

            Fenrir é o meu lobo de estimação. O conheci há dois anos, quando em uma caçada, avistei sua mãe estirada no chão, morta, momento em que ele me seguiu e acabei pegando ele para criar. Desde então, ele passou a ser um grande companheiro para mim. Juntos, caçamos muitos animais e ultimamente, fomos atrás do Grande Veado Branco, procurado por muitos caçadores. Eventualmente, o achamos e ele revelou ser o Príncipe Daédrico da Caça, Hircine, o qual afirmou ter um propósito para mim, que, por ora, não poderia ser revelado, mas que precisava de mim para completar uma missão: salvar um de seus serviçais, Sinding, um lobisomem, que entrou em loucura após por as mãos em um anel encantado. Fui até o local indicado por Hircine e lá encontrei alguns caçadores, os quais tiveram que nós enfrentar. Salvei Sinding, o qual me pediu para matá–lo e me ofereceu um anel sem utilidade aparente.

            O destino era Solitude, a capital da província de Skyrim com uma área portuária esfuziante. Em duas semanas chegamos às docas e eu percebi que nesse meio tempo Fenrir não falou nenhuma palavra, pelo contrário, ele parecia estar ficando mais feroz a cada dia. Como não conhecia o lugar, procurei alguém que pudesse me esclarecer que rumo tomar ao procurar meu pai, que foi convocado há três anos para fazer armas e armaduras para o exército imperial.  Encontrei um elfo negro que estava quieto, observando a montanha que fica por trás das docas, a montanha que leva à cidade.

Negro como que nascido das cinzas.
            – Olá senhor – perguntei. – Sabe onde posso encontrar um ferreiro que trabalha para o Império?
            O Elfo me olhou como se eu tivesse feito algo atípico e comentou:
            – Um nord falando com um dunmer, pelo menos alguém nesse lugar sabe nos respeitar. Bem, os servos do império geralmente ficam no Castelo Dour, que é o quartel–general dos rosados.
            Rosado é o apelido pouco carinhoso dados aos imperiais. Afastei-me do senhor com um súbito arrepio na espinha. Nunca tinha visto um elfo negro tão negro quanto aquele, parecia que fora forjado em carvão. Subi a encosta com Fenrir, a qual era íngreme e estava molhada por causa da chuva que caía, meus pés chapinhavam na lama que se formava ao chão. Por fim, cheguei à entrada da cidade, onde os portões estavam abertos com dois guardas, um de cada lado das ameias. Ao entrar, vi uma multidão aglomerada, assistindo a uma execução que estava prestes a acontecer em um cadafalso de pedra. Estavam presentes dois guardas, um parecia ser o capitão deles, pois estava sem capacete e com uma armadura mais polida, além do executado e do carrasco, que era um redguard sem capacete também. Descobri o nome do sujeito que seria executado pelos gritos da multidão enfurecida.

Morte ao traidor!
Morte ao traidor!
Roggvir merece ser torturado!
 Corte seu pescoço!
            Gelei. O nome era parecido com o meu, no entanto por uma letra fui salvo. Apesar da multidão raivosa, pude ver e ouvir uma moça soluçando de chorar, ela parecia não gostar da cena, por isso tentei confortá–la:
            – Olá moça, com licença, a senhora é familiar do executado?
            – Sim, sou irmã – afirmou a moça chorando copiosamente – Meu irmão foi quem deixou Ulfric sair de Solitude após matar o Rei Supremo de Skyrim em um duelo.
            Dito isso, prestei–lhe minhas condolências, passei por algumas lojas, pois Solitude tinha um forte comércio e segui até o Castelo Dour. Era um lugar imenso, com várias portas e janelas. Viam–se muitos soldados treinando com espadas, lanças, arcos e escudos, mas também tinha bancos para se sentar, foi o que eu fiz, pois estava cansado da viagem que durou um dia e meio. Enquanto tomava um copo de bom ale que comprei na taverna, vi um homem se aproximar, era o redguard que executou o sujeito na entrada da cidade. Ele me fitou nos olhos enquanto eu retribuía a atitude, era muito alto e parecia ser vigoroso, o que mais assustava era a lâmina grande e afiada em suas costas, percebi que aquilo não poderia ser manejado por apenas uma mão.
Curved swords, huh?
            – Ei, belo lobo você tem aí – gritou o homem enquanto se aproximava mais.
            Fenrir mostrou os dentes e colocou–se em posição de ataque, mas mandei ele relaxar, afinal o homem trabalhava para o conselho da cidade. Não respondi sua afirmação, mesmo assim ele prosseguiu, como se realmente não esperasse uma reação.
            – Gostaria de pedir um favor, não há muitos guerreiros nesta cidade e eu mesmo não sou um guerreiro – não sei manejar espada ou lutar em um combate, apenas corto cabeças. – portanto, se puder me ouvir...
            – O que quer? – o interpelei rispidamente – De onde tirou que sou guerreiro?
            – Bem, sua armadura leve, seu arco e seu lobo, eu sinto que há algo mais em você do que um mero caçador.
            – Não me tire por aventureiro ou por um mercenário, mas fale homem, diga o que quer.
            – Existe um ladrão que se refugiou em uma caverna abaixo da cidade, ele roubou coisas que me pertencem, além do mais, é um velho inimigo da guarda da cidade. Gostaria que retornasse as coisas e, por ventura, desse cabo nele.
            – Verei o que posso fazer, não matarei o homem, mas retornarei suas coisas. – falei.
            – Está bom, faça como quiser, a propósito meu nome é Ahtar. – disse o homem.
            – Roggvar. – bradei, para que lembrasse meu nome. – Agora vou indo.
Um nord careca sem nenhum juízo.
            Dito isso, segui com Fenrir até a caverna que ficava embaixo da cidade. Como só havia essa, não perguntei qual era o local, pois já tinha visto o local anteriormente. Meu pai poderia esperar enquanto eu lidava com essa pequena tarefa, não iria dar cabo do homem, mas ele tomaria um belo susto. Quando entrei na caverna, esta tinha sinais de habitação e rastros que seguiam por um túnel estreito, consegui sentir cheiro de carne. Ao seguir esses rastros, senti um súbito instinto, ou melhor, vontade de matar como se fosse um animal, de repente, vi uma sombra e percebi que tinha encontrado o homem. Era um nord, careca e possuía um grande martelo de guerra nas costas, bem como um saco ao seu lado.

            Como que involuntariamente, saquei meu arco, encordoei, coloquei uma flecha e atirei–a. Passou por debaixo da axila do homem, acertando em cheio e levando ao chão seu grande corpo pesado e sem vida. Não me sentia mal fazendo isso, pelo contrário, parece que havia me tornado uma máquina de matar com aquele arco. Peguei a sacola com os pertences e retornei até Solitude para me encontrar com Ahtar no mesmo lugar. Ele me chamou para um cômodo do castelo, fechando a porta atrás ao entrarmos.

            – Roggvar, conseguiu recolher os pertences? – perguntou o homem.
            – Não só recolhi os pertences como matei o homem. – falei aquilo com uma naturalidade e satisfação.
            – Lhe darei uma boa quantia em di...
            – Não precisa, não precisa! Só me diga onde vender pedras preciosas aqui. – o interpelei.
            – Já que insiste, o ferreiro pode fazer essas tratativas com você, ele fica no alto, perto da forja e ao lado da loja de arquearia.
            – Obrigado, agora irei me retirar.
            Com isso, o grande redguard abriu a porta e me deixou passar. Segui até o caminho que ele falou e subi uma rampa de pedra, onde avistei um homem na faixa de seus quarenta e poucos anos, careca e com um avental de ferreiro. Era meu pai, não mudara desde que saiu de casa para trabalhar em favor dos imperiais. Ao me ver, ele ficou surpreso e franziu o cenho. Abri os braços em reverência e fui o primeiro a quebrar o silêncio.

Meu pai, meu grande herói, apesar de ser somente um ferrei

            – Pai, quanto tempo esperei contato do senhor, agora aqui estou, te visitando!
            – Filho... – falou meu pai com o rosto em lágrimas. – senti muito sua falta, como estão as coisas em casa? Sirja tem aceitado melhor a morte de sua mãe? Espero que não estejam passando necessidade.
            - Pode se despreocupar quanto a isso pai, a produção de leite vai ótima e eu consegui umas pedras preciosas em minha última caçada, quando fui atrás do Grande Veado Branco, acabei descobrindo que ele er...
            - Filho, preciso falar a sós com você – afirmou meu pai ríspido – mande o lobo embora.
            Diante disso, Fenrir rosnou para meu pai e fiquei sem entender o motivo, mas pedi que ele se afastasse da cidade e fui conversar com meu pai. Agora ele tinha uma feição séria e carrancuda.
            - Roggvar, preciso lhe contar uma história, uma história muito importante e que vai decidir os próximos momentos de sua vida, espero que a escute com muita atenção. – falou meu pai, prosseguindo com um balanço positivo de cabeça da minha parte. – Como você sabe, o Grande Veado Branco é Hircine, o Príncipe Daédrico da Caça e da Licantropia, além de ser o Senhor dos Campos de Caça. O seu encontro com ele não foi por acaso, ele te atraiu por meio dos seus servos e tem um particular interesse em você, pois é imbuído com sangue feral e tem habilidades sobre-humanas. Desde pequeno você conseguia fazer coisas que seus amigos nunca fizeram você tem uma ótima pontaria, consegue se recuperar rápido de ferimentos, não é só isso, em breve, terá mais ainda mais poderes.
            Fiquei surpreso com as palavras de meu pai. Realmente, eu era diferente dos meus amigos, mas achei que aquilo era algo natural, de fato algo havia mudado em mim e eu precisava de respostas.
             - De fato, mas como o senhor sempre soube disso e não me falou? – perguntei intrigado ao meu pai.
            - Há coisas que não podem ser faladas por enquanto, filho, você entenderá mais na frente. Por enquanto, quero que saiba que antes de nascer eu fiz um sacrifício que fez você ganhar esses poderes gradativamente. O que espero de você é que desenvolva esses poderes para o bem, por isso o chamei aqui. – falou meu pai, dando uma pequena pausa para pegar ar. – O que posso falar é que o príncipe é um velho inimigo meu. O lobo é servo de Hircine, ele está presente nas estátuas do demônio espalhadas por Tamriel, por isso preciso que tenha mais cuidado com ele, pois foi mandado para convertê-lo ao seu lado, o que não pode acontecer de jeito nenhum filho. É essencial você saber que a partir de agora Hircine tentará trazer você para seu lado a todo custo, ele possui três formas: em uma ele tem o corpo de humano e cabeça de veado, sua forma mais resistente e poderosa, além de ser a esculpida em suas estátuas. A forma veloz, que é um lobo com cabeça de veado, ele é muito rápido. Por fim, possui a forma de um Grande Veado Branco, a lenda que poucos conhecem.  Sugiro que leia mais sobre a figura no livro 16 Acordes de Loucura.
            - Tudo bem meu pai, entendo, tomarei cuidado com Fenrir, mas o que quer que eu faça agora? Largue a caça? – perguntei, percebendo que meu pai ficou irritado.
            - Você irá para Whiterun, Jorvaskrr, lá encontrará Kodlak Whitemane, um velho conhecido meu, enviei uma carta para ele quando despachei a sua, portanto, ele está ciente da situação. Você será treinado junto com os companions e aperfeiçoará seu poder, além de ficar longe de Hircine, você está começando a demonstrar seus poderes ocultos, já consegue farejar, não é? – perguntou meu pai como se já soubesse a resposta.
            - Sim, eu consigo distinguir cheiros agora com mais facilidade, parece que meu nariz está sensível, pensei que fosse alguma doença...
            - Agora vá e se junte a eles o mais rápido possível, quanto ao dinheiro que tirava com a caça, pode ficar tranquilo pois estou recebendo bem aqui e poderei ajudar sua irmã. Em breve darão um jeito no lobo, mesmo que temporário, portanto, trate de ir logo, mas primeiro passe em casa. Mais uma coisa filho, queria que você soubesse... És o meu presente para esta província, quando treinado será uma arma contra as trevas!.
            - Ainda não entendo, mas confio no senhor e sei que muito em breve entenderei. Ainda há algo a ser feito, eu trouxe as pedras que consegui na última aventura, o senhor poderia vendê-las para mim? – indaguei.
            - Sim, enviarei o dinheiro para sua irmã assim que conseguir vendê-las. Foi muito bom te ver, filho. – disse meu pai com os olhos úmidos enquanto abria os braços para me abraçar. – Sentirei sua falta, venha me visitar quando puder.
            Eu o abracei e assenti com a cabeça, não falei mais nada. Entreguei as joias e desci até as docas onde estava Fenrir me esperando. Ele não falava mais, será que era obra de meu pai? Mesmo assim, por um dia e meio segui em silêncio de volta à fazenda, onde Sirja me esperava ansiosamente.
            - Roggvar! Como foi? Papai estava bem? – perguntou ela.
            - Sim, mas tenho que ir embora, ele me pediu para que entrasse em treinamento junto aos companions, não sei quanto tempo ficarei por lá, mas papai disse que suprirá minha falta mandando incentivos para você.
            - Mas Roggvar, existe um motivo especial? Eu ficarei sozinha na fazenda! Como farei o trabalho braçal sozinha e administrarei ao mesmo tempo? Fora que sentirei muito sua falta!  – disse minha irmã com tristeza.
            - Fique tranquila, irmã. Dará tudo certo, papai sempre tem propósitos para tudo! – disse, confortando-a.

            Então, alguns dias se passaram e eu me preparava para partir, minha irmã estava no balcão revendo as contas, quando de repente um homem entrou pela porta da frente. Era um homem alto e corpulento, de pele negra e com um machado ameaçado à suas costas. Fiquei apreensivo, mas logo essa necessidade se esvaiu, pois vi que era Ahtar, o homem que ajudei em Solitude.
            - Roggvar – disse o homem sorrindo. – Estou aqui para ficar com sua irmã enquanto você treinar com os Companions. Está aqui uma carta de recomendação, eu trabalho para seu pai agora.
            Peguei um pedaço de papel da mão do homem, era a letra e o selo de meu pai, ele realmente tinha mandado o redguard até a fazenda.
            - Ótimo, assim fico mais tranquilo. – disse.

            A partir daí eu terminei de arrumar minhas coisas e passei dois dias ensinando a Ahtar como funcionava o cotidiano da fazenda. Por fim, parti até Whiterun, se despedindo da minha irmã e prometendo visitá-la. Eu e Fenrir estávamos agora na estrada, destino certo.



FIM 





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domingo, 7 de dezembro de 2014

Capítulo XI - A casa abandonada

"Ô de casa..."
Sob o sol do verão de Skyrim, Roggvar e Fenrir prosseguiam no caminho à nordeste de Falkreath, no meio do caminho entre as Pedras do Guardião e a cidade dos caçadores. Haviam acabado de passar por uma torre controlada por bandidos e precisaram desviar um pouco do caminho. O caçador estava cansado e com sede, mas seu companheiro o obrigou a andar mais um pouco, pois ainda estavam perto dos bandidos. Após caminhar mais um quilômetro e meio, encontraram uma casa que não parecia estar abandonada, porém não tinha uma viva alma pelas redondezas, salvo pelos bandidos na torre. Roggvar, com fome e sede, bateu palmas para ver se alguém abria a porta, no entanto não obteve resposta. Para a surpresa dos dois a porta estava levemente encostada e Roggvar foi entrando.

"Fenrir se adiantou e salvou seu companheiro."
- Cuidado! – Ladrou Fenrir, que instintivamente voou em cima de um orc com uma espada de duas mãos empunhada. Então, o brutamonte caiu com a mordida que o lobo lhe deu no pescoço, sem vida.
- Você me salvou de mais uma! Não sei como não o vi! – Falou o caçador já com o seu arco na mão.
"O botão era bem visível."
- Agora é hora para se preocupar com outra coisa, de onde veio esse bandido pode vir outros, há um pavimento embaixo do solo nesta casa, felizmente não ouvi barulhos de lá, mas é melhor irmos com precaução – Falou o lobo em tom sério.

Roggvar e Fenrir deram uma rápida vasculhada na casa e encontraram muitas bebidas e caixas com mantimentos. Fora o bandido, não havia mais ninguém no local. Roggvar, curioso, apertou um botão, ao lado de uma estante, que abriu uma passagem para uma caverna, iluminada com velas e sinais de habitação. Os dois, intrigados, seguiram cautelosamente pela passagem, encontrando diversos sacos de dormir feitos com lã de carneiro pelo caminho. Ao virar em uma curva, se depararam com um bandido de costas para eles. Roggvar sussurrou:

- Fenrir, o que faremos?
"A caverna era habitada e iluminada."
- Ou você atira uma flecha em seu pescoço ou eu faço como fiz com o orc lá em cima, o que prefere? – Perguntou satiricamente o lobo.
- Creio que devemos recuar, não sabemos quantos pod... – Tentou asseverar o caçador, mas Fenrir investiu em cima do homem, decepando uma orelha e dilacerando toda a face do homem. Era um nord, de meia idade, que caiu emitindo um pequeno gemido de dor.
- Por vezes tenho medo de você – Disse Roggvar, enquanto o lobo lhe dava uma piscadela – Fenrir, não quero me tornar um assassino...
Então seguiram caminho a dentro, culminando em uma falsa parede com um  bilhete pregado, Roggvar pegou e leu:


“Vocês todos foram avisados sobre o que aconteceria se entrassem na minha sala do tesouro, mas Roars não achou que eu estivesse falando sério.

Agora ele está morto.

Todos vocês já tiveram sua parte do tomado, se eu pegar mais algum lambe bosta tentando entrar de novo, não deixarei que armadilhas os matem.
Farei tudo eu mesmo!

                                                                                - Rigel Braço-Forte”

Após ler o bilhete, Roggvar entendeu o porquê de tantos ossos pendurados no teto da caverna e sangue ao longo do caminho, aquele parecia ser um esconderijo de bandidos e o chefe deles era o pior de todos. Fenrir instigou o caçador a continuar e rosnou:
- Desde que você matou aqueles caçadores você é outro homem, Hircine o fez renascer, você não é mais um caçador qualquer, agora é um predador. Roggvar o fitou com certa seriedade, depois sorriu e seguiu em frente, até chegar a mais uma parede com um bilhete, o qual continha a seguinte frase:

 “Vamos lá, não será de todo ruim. Rigel pode ser paranoica, mas ela é burra que nem um mamute! Tem até pelos pubianos parecidos!”

"Rigel, a bandida peluda."
- Parece que esse era o tal do “Roars”, ou Roras, não sei como é o real nome dele – falou dubiamente Fenrir aludindo ao nome que subscrevia o bilhete. Após fazer essa afirmação, uma voz feminina e grave surgiu por detrás da parede:
- Tem alguém aí? Rhorlak, é você? Seu maldito, eu avisei que não queria  ninguém.... Ei, quem são vocês e o que querem aqui? Meu tesouro é só meu! – Bradou uma nord, que tinha uma figura bem assustadora. Ela observou rapidamente lobo e homem, investindo logo em seguida na direção de Roggvar, com uma espada à mão direita e um escudo na esquerda. O caçador foi rápido, já estava com seu arco empunhado e o retesou. A flecha atingiu a mão da bandida, que deixou a espada cair e parou por um momento, mas sua figura assustadora continuou a investir na direção de Roggvar, com o escudo levantado, momento em que Fenrir fez pose para atacar, mas o caçador sinalizou para ele ficar. Outra flecha voou. Agora a mulher estava no chão, inanimada, graças a uma flecha certeira que acertou pouco abaixo de sua clavícula.

Os dois revistaram a mulher e acharam uma chave. Havia uma porta que foi facilmente aberta com a chave, mas Roggvar advertiu Fenrir:

"Com duas flechadas, foi morta pelo caçador."
- Esta deve ser a sala do tesouro, mas proceda com cautela, pois deve ser bem guardada.
- Já vi dois ativadores daqui, um para dardos e outro para lâminas... – rosnou o lobo.

Feito isso os dois seguiram, evitando os ativadores e conseguiram chegar na sala do tesouro. Era uma sala não tão ampla, mas possuía alguns baús e um altar com todos os tipos de pedras preciosas, algumas poções, moedas de ouro, sacos com septims. Roggvar ficou atônito com tanta riqueza.

"Roggvar ficou rico."
- Isso aqui deve valer uns 15.000 septims, estamos ricos, Fenrir!
- Só vai servir para você, eu não vejo utilidade nisso daí.

"Yohoho and a bottle of rum."
Os dois voltaram para a casa. Não acreditavam pelo que tinham passado e já estava escuro, preferiram não sair e passaram a noite dentro da casa. Roggvar estava feliz apesar de todas as aventuras que tinham passado no dia anterior e bebeu muito vinho, ficando muito bêbado, enquanto que Roggvar montou guarda na casa e não dormiu. Na manhã seguinte, seguiu pela estrada para a fazenda de sua irmã. No meio do caminho pegou alguns coelhos e dividiu com Fenrir. Após três dias de viagem, chegou em casa e espalhou todo o saco com pedras preciosas e outros bens diante de Sirja, a qual ficou assustada com tudo aquilo.

"Roggvar mostrando a sua riqueza."
- Roggvar, você entrou para a Guilda dos Ladrões? – Perguntou a irmã repreendendo.
- Não irmã – disse Roggvar – Eu entrei em uma enrascada e tive que matar alguns homens, mas no final o destino me presenteou com essas pedras!
- Roggvar, você precisa ver um lugar para vender todo esse aparato e vir em segurança para casa. Ah, já ia me esquecendo! Papai mandou uma carta, disse que precisar falar com você, vá visitá-lo quando puder!

- Irei semana que vem, estou muito cansado da viagem que fiz e preciso contar tudo para você, mas já está de noite e necessito usufruir de um belo descanso, amanhã contarei tudo. – disse Roggvar indo para a cama, dormir e Fenrir o seguiu para descansar também.




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sábado, 20 de setembro de 2014

Capítulo X - Os lobos falam

      Fenrir disparou em corrida e Roggvar foi logo atrás. O caçador estava cansado, com fome e com sede, tendo pegado somente duas maçãs e um cantil pequeno de vinho barato. Roggvar tomou o vinho e olhou para suas roupas, estavam muito sujas, mas esse era o ofício de caçador e ele tinha que o cumprir com afinco. O sol estava quase indo embora, quando os dois ouviram barulhos vindo de uma grande moita ao leste – era o Grande Veado Branco!
- Ali está o maldito! – Rosnou Fenrir.
            Então Roggvar rapidamente encordoou seu arco. Era costume dos arqueiros e caçadores tirarem a corda do arco para evitar que o mesmo envergasse com o tempo. Seu arco era feito de mogno, material bem resistente às adversidades climáticas. O caçador conseguia retesar seu arco e disparar uma flecha por 300 metros, e foi o que fez. Com uma tremenda precisão, acertou o animal, entre um pinheiro e outro, caiu o corpo peludo e branco sem vida, com um barulho que estrondou em um raio de 500 metros, Roggvar e Fenrir ficaram apreensivos, como se algo estivesse para acontecer.
"A flecha do arqueiro nunca erra seu alvo." - Angi
            O caçador fez sinal para que o lobo ficasse parado em seu lugar e caminhou lentamente até o cadáver frio do veado, sendo surpreendido subitamente por uma forte luz que ofuscou seus olhos, seguido de uma aparição.
- Olá, mortal, meu nome é Hircine e você deve ter ouvido falar de mim, está surpreso? – Perguntou sarcasticamente ao caçador.
Hircine é um dos 17 seres conhecidos como Príncipes Daédricos, que habitam os planos de Oblivion, cada um com sua especialidade, sendo Hircine o príncipe da caça e pai das bestas-feras.
- N..n..não posso acreditar nos meus olhos – Disse Roggvar.
- Mestre. – Disse Fenrir.
- Não se surpreenda mortal, seu lobo foi mandado por mim para que você me encontrasse, inclusive ele foi um presente meu a você, sua habilidade de falar, lealdade e ferocidade foram dadas por mim! – Afirmou orgulhosamente o Príncipe. 
- Não estou entendendo nada, aliás, o que estou fazendo? Preciso levar você para Falkreath e reclamar meu prêmio!
Hircine mudou de expressão, passando o casco superior direito pela neve como se estivesse desenhando algo e se direcionou à Roggvar.
- Mortal, entenda apenas uma coisa por ora, eu tenho um propósito para você e preciso que faça algo por mim, pois é um exímio arqueiro e um de meus leais serviçais está em perigo, precisa de uma ajuda que não posso diretamente o oferecer.
"Hircine é um dos 17 seres conhecidos como Príncipes Daédricos,
que habitam os planos de Oblivion,"
- Já que estou aqui nessa condição, pode falar... – Afirmou Roggvar desanimado.
- Sinding, um lobisomem consciente foi aprisionado em Falkreath, inicialmente eu precisava que você o libertasse, mas as circunstâncias são outras, recebi notícias recentes de que um guerreiro o libertou a troco de um tesouro, agora caçadores da região estão atrás dele. Preciso que você o resgate!
- Certo, o que ganho com isso e onde encontro esse lobisomem? – Perguntou mais animado o caçador.
- As recompensas serão muitas e graduais, acredite mortal, Hircine nunca deixa de recompensar quem o serve. Sinding está em uma caverna conhecida como Gruta do Homem Inchado.
 Roggvar já ia se virando sem dizer adeus e chamou Fenrir, quando Hircine o interpelou:
- Espere, ainda não terminei com você! Como eu disse, tenho planos e planos muito grandes para você mortal, mas você não conversará mais comigo, apenas com meus emissários, essa é a última vez que teremos contato direto, portanto cuide para que tudo dê certo que eu irei lhe recompensar, agora vá e salve Sinding dos caçadores famintos.
            Roggvar não deu muita importância as palavras do Príncipe e sim ao que ele disse antes sobre Fenrir, por isso na caminhada para a caverna os dois não trocaram muitas palavras, como se um estivesse magoado com o outro. Os companheiros passaram por um rio com a água pelo joelho, depois precisaram caminhar em uma estrada de terra que era o único caminho acessível ao local. Chegando na gruta, haviam dois corpos dilacerados, um era de um Nord musculoso e o outro de um Bosmer baixo e magro, estavam com roupa de caça, munidos de adagas e estilingues, Roggvar e Fenrir estavam no local certo. O caçador então colocou seu gorro e adentrou cautelosamente a caverna, era úmida, com goteiras em vários pontos, além de ter uma vegetação rasteira próximo às pedras. Assim que entraram, Fenrir farejou um rastro de sangue que levou lobo e mestre até um Khajiit ferido, tinha roupas de um arqueiro mercenário e logo Roggvar o persuadiu a contar sobre o paradeiro do lobisomem, dando uma piscadela para que Fenrir ficasse calado.
"Khajiit não ser mentiroso, Lariigi ser irmão de K'Raarf."
- Pobre Khajiit! Foi aquele lobisomem maldito que fez isso com você? Onde ele está agora?
- Sim.. Lariigi se sentir muito mal, quase morrendo... Lobisomem feroz foi para aquele lado da gruta... O mate por Lariigi e outros guerreiros.

            Dito isso, Roggvar, para acabar com a vida do gato, sacou sua lâmina de caça, uma peça bem adornada com pele de animais raros, dando um golpe em sua jugular, sentiu a vida escapar de suas mãos, ou melhor, o resto dela. Fenrir apenas olhou e seguiu o caminho que foi apontado por Lariigi, enquanto Roggvar o seguia pensativo. Muitas coisas assaltavam a sua mente, mas estava particularmente curioso com o que Hircine tinha o dito, quais seriam seus planos para o caçador? Será que ele a partir daquele momento iria deixar de ir para Sovngarde por ser ganancioso e servir a um Príncipe Daédrico? Enquanto pensava, Roggvar foi surpreendido por uma cena: um Breton e um Redguard estavam frente a frente com um animal feroz e grande, parecia um lobo, mas daquele tipo Roggvar nunca tinha visto, com certeza era o tal lobisomem que Hircine tinha falado, mas agora o que fazer diante daquela cena? Ou o caçador executava Sinding ou o ajudava matando os dois guerreiros. Ele não teve tempo nem de escolher, quando Fenrir voou em cima do Redguard, enquanto o seu companheiro Breton olhou atônito aquilo e ao invés de atacar o lobo, cargueou um ataque de espada em direção a Roggvar, que também observava tudo sem ação. Por instinto, o caçador desviou do golpe com uma esquivada mortal, girando e puxando o inimigo para o lado oposto, enquanto sacava sua adaga e furava a costela do Breton, fazendo-o soltar um gemido abafado de dor. Olhando para o outro lado da escaramuça, Roggvar viu que Fenrir não tinha dado conta do Redguard, pois ele a todo o momento tentava estocar o lobo com uma lança, o impedindo de atacar. Então o caçador viu que não havia tempo para encordoar seu arco e lançou a adaga na nuca do Redguard, acertando-o em cheio e com muita força graças ao seu braço musculoso de arqueiro.
"O lobisomem parecia inofensivo no momento."
            Com os dois inimigos no chão, o caçador olhou aliviado para seu lobo, que uivou em tom de vitória, apontando para o lobisomem que estava cansado e quase sem forças. Roggvar e Fenrir se aproximaram dele, parecia inofensivo no momento.
- Você é o caçador prometido a mim? – Perguntou o lobisomem.
- Pensei que Fenrir fosse o único da espécie que falava – Brincou Roggvar – Hircine mandou vir salvar você do ataque.
- Acredite, ele não é o único e existem outros, seu lobo não é um lobo qualquer, ele sempre fez parte de sua vida, mesmo você não sabendo... Quanto a mim, achei que soubesse que eu não tenho como ser salvo, essa licantropia é uma doença degenerativa para alguns, por isso existem aqueles que a tomam como maldição e outros como benção de Hircine, no meu caso eu sou o primeiro, estou perto da morte e sinto muitas dores, por isso consegui ser pego em Falkreath.
- Quer dizer que eu vim aqui para nada? – Retrucou o caçador.
- Não, eu te darei a recompensa prometida por Hircine, ele te mandou na verdade para acabar com o meu sofrimento, pois sabia que só você conseguiria.
- Não entendo, por quê eu? Quase que os dois ali acabavam com você, se não fosse por m...
- Só você! Não posso falar ainda, mas saberá. – Interpelou Sinding – Existem duas maneiras de matar um lobisomem, ou sendo um lobisomem ou utilizando uma arma de prata, no seu caso, acho que uma flechada em meu coração resolverá.
"Juízo final do peludão."

            Roggvar mantinha um punhado de flechas de prata em sua aljava, foi presente de um fazendeiro rico ao norte de Whiterun, o qual o caçador ajudou exterminando uma praga de gatos selvagens da região. Ele encordoou seu arco e sacou uma flecha de prata, retesando a mesma com pouca força, visto a distância entre ele e o lobisomem.
- É isso mesmo que você quer? – Protelou o caçador.
- Faça! Eu imploro! Você não tem idéia da dor que sinto, só mais uma coisa, sua recompensa está em meu indicador direito, é um anel dado pelo próprio Hircine, talvez não terá muita utilidade agora, mas quem sabe no futuro...


            Então Roggvar soltou a corda. A flecha voou baixo, com pouca força, mas suficiente para derrubar o lobisomem a três metros de distância. Era mais um animal que Roggvar matara? Era um homem? O caçador tinha muitas dúvidas naquele dia, mas nem Fenrir seria capaz de sanar todas elas.







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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Capítulo IX - Em busca de paz

Era mais um dia na terra gélida de Skyrim, como sempre, o frio assolou a noite, enquanto Roggvar dormia em seu colchão feito de pele de urso, rodeado de árvores e não havia nenhuma cidade ou assentamento por perto. Pela manhã, partilhou três pedaços de salmão assado com seus companheiros, Bea e Fenrir, deixando os restos na terra, para decomposição. Após o desjejum, mestre e lobo partiram para sua aventura, atravessando quase metade do caminho para Falkreath, começando uma parte de floresta densa que era intransponível. Os dois prosseguiram, pela estrada agora, até que em um momento havia um tronco enorme de árvore, os impossibilitando de prosseguir.

- Parece que os nove estão contra nós – esbravejou o caçador desiludido.
Fenrir olhou Roggvar de cima a baixo e rosnou – acho melhor voltarmos – tomando o caminho de volta. Então, prosseguiram por um caminho diferente, tendo que passar por uma passagem entre as montanhas. Roggvar pediu que o lobo escoltasse o caminho a frente, enquanto prosseguia mais lentamente, aguardando, caso Fenrir encontrasse inimigos, pois o caminho era desconhecido por ele. O caçador então avistou uma pequena cabana, de madeira velha e podre, onde parecia viver uma mulher imersa em uma solidão quase que gritante. Quando Roggvar chegou mais perto, conseguiu enxergar sua face, era uma nórdica, de cabelos loiros, com uma aparência sofrida, era Angi, amiga de infância do caçador, a qual ele não via desde os catorze anos de idade.

- Angi?! Oi! É você? – questionou o caçador.
- Sim... sou eu, quanto tempo não o vejo, Roggvar? – disse a mulher com uma expressão desanimada.
- Quase vinte anos! Você ficou sumida esse tempo todo, por quê? – perguntou Roggvar surpreso.
Angi parou, olhou com tristeza para o caçador e contou: - Roggvar... minha família toda foi assassinada por dois guardas bêbados que entraram cortando a garganta de todos, eu consegui escapar e matei os dois, por isso estou escondido, confio em você...
O caçador acalentou a sua velha amiga, conversando com ela sobre os últimos anos, relembrando os velhos tempos, e tomando uma boa garrafa de vinho, deixando os ânimos em cima. Roggvar então contou suas façanhas como caçador e como gostava de utilizar o arco e flecha, usando quase sempre técnicas sorrateiras para pegar sua presa.

- Roggvar, sabe que conheci e treinei um rapaz que era parecido com você? O nome dele era Leoric, hoje ele é um arqueiro renomado em toda a província, treina vários outros arqueiros e é chamado para muitas missões complicadas, sua pontaria nunca erra um alvo! – disse a mulher levantando-se da cadeira.
- Um dia eu quero conhecer esse Leoric, me parece um sujeito interessante, mas agora, gostaria que me treinasse também, pode ser? – perguntou Roggvar ansioso.
- Claro, estava precisando dar uma aquecida mesmo, vamos lá!

Então os dois seguiram para um campo no topo da montanha, onde Angi mantinha alguns alvos, dava para ver boa parte da província lá de cima, havia muitas mudas de Snowberry e árvores cobertas de gelo. Angi pegou um arco, algumas flechas e explicou como iria ser o treino para Roggvar:
- Roggvar, quem me ensinou a usar arco e flecha foi minha mãe, ela dizia que compostura é a chave de todo o sucesso, você pode estar no meio do caos, mas se conseguir ficar calmo poderá acertar vários inimigos. Olhe e aprenda, após repita comigo – falou a arqueira enquanto atirava nos três alvos, um por vez, e depois deu sinal para o caçador fazer o mesmo.

- Ótimo! Meu irmão mais velho sempre me levou para caçar quando eu era pequena. Naquele tempo, era difícil colocar comida na mesa, imagina ter o que vender no Mercado. Por isso, quando nós tinhamos mais de um veado em um só lugar, era difícil não querer matar todos que pudéssemos. Se você conseguir aprender a manter a calma e confiar que cada disparo é certeiro, então você irá facilmente acertar vários alvos. - ensinou Angi, voltando a mostrar como Roggvar devia proceder, fazendo-o com igual proficiência.
- Nós falamos sobre calma e velocidade, agora vamos falar de precisão! Muitas vezes você não vai conseguir chegar tão perto de sua presa, então terá que lidar com tiros de longa distância. Contudo, é provável que esse seja o único disparo que você poderá fazer, antes de sua presa correr para longe. – afirmou pacificamente a arqueira, enquanto atirava no último alvo, a pelo menos 300m de distância. – Ok, é sua vez. Tente acertar aquele alvo lá atrás, bem atrás daquela árvore. Lembre-se: tenha calma e dê um tiro certeiro. Então, Roggvar pensou, parou, e com um silêncio imperativo, deu seu tiro de misericórdia, acertando o alvo em cheio.
- Muito bem, falamos sobre calma, velocidade, e precisão. Agora é hora de usar as três habilidades de uma vez só. Fique ciente de que este desafio é muito difícil, poderá levar um tempo até que o complete, mas a prática é baseada nisso, se conseguir finalizá-lo, garanto que será um arqueiro e tanto. – afirmou confiante Angi. – Apenas lembre-se de tudo que eu lhe ensinei, tente juntar tudo e fundir em uma só técnica, agora vá!

Roggvar então parou, respirou fundo, viu os três alvos, os dois primeiros em uma distância de 100-200m, enquanto que o terceiro ficava bem mais longe, 300m de distância. O caçador pegou então seu arco, encontrado perdido em uma ruína abandonada perto de Markath, o tencionou e segurou a respiração, atirando nos dois primeiros alvos em 7 segundos. Os 3 segundos restantes pareciam uma eternidade, então no primeiro dele, pegou a flecha e mirou, no segundo posterior atirou e no terceiro, a flecha acertou o último alvo, com uma força e precisão inigualáveis.

- É Roggvar, acho que te ensinei tudo que sei, parece que você está melhor que eu! Estranho pensar nisso, vamos entrar e tomar um vinho. – afirmou a arqueira, entrando em casa com Roggvar. Sua cabana era quente e aconchegante, apesar de muito pequena, havia uma cama e uma mesa de canto com apenas duas cadeiras, mostrando que se Angi estivesse esperando visita, não poderia passar de mais de uma pessoa. Enquanto os dois tomavam vinho e contavam histórias de caçadores e arqueiros, Fenrir entrou ofegante na cabana, Angi se assustou e ia pegando seu arco para matar o “lobo feroz”, quando Roggvar advertiu:

- Espere! Esse lobo é meu companheiro, ele está ofegante! O que foi, Fenrir?
- Eu o encontrei, o grande veado branco, ele está 5km a nordeste daqui, vamos logo! – Disse o lobo com muita pressa.
Então Angi e Roggvar se despediram, tendo o último tomado o resto de vinho que havia em sua taça, enquanto corria com todo seu equipamento para a direção apontada por Fenrir. Já era quase noite, mas eles decidiram não acampar. Então, assim começava mais uma aventura dos companheiros Roggvar e Fenrir, talvez uma aventura que pudesse mudar suas vidas.
















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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Capítulo VIII - Preocupação ou precaução?

Estava um dia ensolarado, assim como a maioria das manhãs de primavera em Riverwood. Carregadores de madeira iam de um lado para o outro, cantarolando e assobiando, mercadores passavam gritando os seus preços e soprava um vento agradável. Roggvar então pegou suas ferramentas, que consistiam em um arco imperial, flechas com ponta de aço, duas adagas, algumas poções em pequenos frascos, carne seca e vinho Alto, saiu pela taberna local nervoso e chateado.


- Mas você não disse que ia me acompanhar?! Eu tomo a palavra de um homem como inerente a sua honra! – Esbravejou o caçador.

Faendal então olhou nos olhos de Roggvar, encabulado com sua própria atitude, e balbuciou algumas palavras:
- Mmmaass.... Eu tenho uma pessoa aqui... Não posso deixá-la...
- Tudo bem, como sempre os elfos são covardes, fedorentos e desonrosos! – Disse o caçador partindo imediatamente com seu lobo para o sul, a caminho de Falkreath, a fim de encontrar o veado gigante de que tanto ouvira falar. O caminho, apesar de pavimentado, era íngreme e selvagem, plantas cresciam desenfreadamente, quase que impedindo o avanço da dupla. 



Roggvar e Fenrir então pararam em um riacho para tomar um pouco d’água, já que tinham caminhado por quase quatro horas e só agora pararam para descansar. Enquanto o caçador tomava água, seu lobo avistou um veado, era grande e tinha chifres desenvolvidos, provavelmente um macho no auge de sua meia-idade. Fenrir foi ao seu encalço resmungando.

- Não é o grande veado branco, mas é veado.
Então o feroz lobo correu com muito afinco atrás do veado, que correu com a mesma vontade porém não suficiente para evitar a mordida devastadora do seu predador. Fenrir era um lobo acostumado a atacar presas, sabia a hora e o local certo para abocanhar, o veado só sentiu os dentes da fera em seu pescoço, não errava nunca. 



Após o descanso, os dois partiram novamente pela estrada cansativa, sempre caminhando com cautela, pois não era raro avistarem um urso dormindo ou andando pela floresta que os cercava. O sol estava mais forte do que pela manhã, eram quase duas horas da tarde, o caminho parecia ficar mais suave e Roggvar arriscou:

- Você acha que encontraremos nossa presa em que ponto?
- Apesar dos caçadores em Whiterun terem afirmado que ele foi encontrado pastando pelo sul de Falkreath, acho que ele estará mais a nordeste, perto de onde sempre tem um bando de veados reunidos. – Afirmou o lobo certo de sua afirmação. 


Após mais duas horas andando por terreno plano, eles acabaram avistando uma pessoa, era uma mulher, se aproximaram e foram surpreendidos: era Bea, a caçadora que eles haviam conhecido anteriormente, no caminho para Rorikstead. 

- Ei, eu conheço você, não é caçador? – Perguntou Bea.
- Sim, sou caçador, nos conhecemos há uns dois anos, você me salvou de um peixe raivoso. – Afirmou Roggvar.
- Sim! Era você que trazia um lobo pequenino, então pelo visto você o manteve como seu amigo. – Assuntou a caçador.
Roggvar então sentou em uma pedra, de costa para Fenrir e Bea, tenso e com um semblante preocupado. Então desabafou:
- Sim, é ele, mas minha preocupação agora é outra. Estou atrás do grande veado branco, você obteve alguma informação sobre ele? 
- Não muita coisa, alguns dos caçadores locais o avistaram nas proximidades de Pinewatch, mas ele é tão rápido que nenhum deles conseguiu sequer apontar em sua direção, tendo ele escapado em fração de segundos. – Informou Bea.


- Falei, meu sentido canino não falha, sabia que o veado estaria por aquelas regiões, ele deve ser o líder do bando de veados! – Rosnou Fenrir entusiasmado.

Roggvar então assentiu com a cabeça, ainda nervoso com as palavras de Bea, pensou em como seria essa noite, talvez não dormiria, queria apenas planejar de que modo pegaria a sua presa. Estava com um temor, porém não queria falar a ninguém, até porque não sabia o motivo desse temor, então apenas deitou e tentou dormir, estava uma noite calma, calma demais...



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